(in)Felicidade

Lembro-me de quando conheci Guimarães Rosa, com o qual tive o prazer de descobrir o poder de duas letras. “Infelicidade é uma questão de prefixo”. Não fosse por “I” e “N”, a felicidade não sofreria variações no campo lexical capazes de produzir outro sentido – o sentido contrário. O que a gente faz, então, com a tristeza, essa conhecida como o antônimo da felicidade? Digere. O que não pode é deixar que o prefixo conduza o significado e o radical do sentimento. Enxergar que a infelicidade é tão fácil de ser transformada em felicidade, quanto apagar duas letras, é entender que a dificuldade está em eliminar o que transforma uma na outra.